domingo, 8 de março de 2009
Crises Humanitárias: Um problema actual
A violência na Somália, a deslocação forçada de civis no leste do Congo e as emergências médicas negligenciadas em Myanmar e Zimbabué figuram entre as dez maiores crises humanitárias de 2008, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras.
"Com a divulgação desta lista anual esperamos centrar a atenção sobre os milhões de pessoas que estão presas em situações de conflito e guerra, afectadas por crises médicas, cujas necessidades imediatas e essenciais de saúde são negligenciados, e cuja situação muitas vezes passa despercebida", afirmou hoje o presidente do Conselho Internacional do grupo, Cristophe Fournier, numa declaração a propósito da divulgação desta lista.
Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) começaram a divulgar este documento anualmente em 1998, quando uma devastadora fome no sul do Sudão passou despercebida a grande parte dos meios de comunicação social norte-americanos. Esta lista tem como objectivo promover uma maior sensibilização para as crises que podem não receber a devida atenção da imprensa.
A organização humanitária afirma que a Somália viveu este ano uma das piores crises de violência da última década, agravada pela deterioração dos sistemas de saúde. Actualmente, uma em cada dez mulheres daquele país morre durante o parto e uma em cinco crianças não atinge os cinco anos de idade.
No leste do Congo, os novos combates entre o governo e os grupos armados obrigaram centenas de milhares de pessoas a refugiarem-se na selva, deixando-as com pouco ou nenhum acesso a cuidados de saúde, água, alimentos e abrigo.
O ciclone Nargis, que provocou cerca de 130 mil mortos e desaparecidos, levou uma torrente de ajuda internacional a Myanmar (antiga Birmânia), mas doenças como a SIDA, a tuberculose e a malária foram ignoradas pelo governo militar, apesar de serem responsáveis pela morte de dezenas de milhares de pessoas todos os anos, afirma a MSF.
No Zimbabué, o grupo sublinha o colapso económico de longo prazo no âmbito da presidência de Robert Mugabe. Segundo a organização internacional, uma taxa de inflação de 231 por cento deixou muitas pessoas sem dinheiro até para pagar o bilhete de autocarro para se deslocarem a uma clínica. Neste país, dois milhões de pessoas estão infectadas com o vírus da SIDA e a esperança média de vida é de 34 anos.
Já no Iraque, os esforços humanitários são frustrados pela politização da distribuição da ajuda, pelas forças militares e políticos, tornando as organizações alvo de ataques violentos, num país onde cerca de quatro milhões de pessoas foram deslocadas pela guerra, acrescenta o relatório.
"Em alguns destes locais é extremamente difícil aos grupos de ajuda aceder às populações. Quando somos capazes de prestar assistência temos uma responsabilidade especial de testemunhar e divulgar este intolerável sofrimento, bem como chamar a atenção para as necessidades humanitárias básicas", afirmou Fournier.
Os confrontos nas zonas tribais do Paquistão, a continuação da crise no Darfur, a guerra civil no Sudão e a desnutrição, que mata cinco milhões de crianças e jovens todos anos, além da tuberculose ligada ao vírus HIV - que mata 1,7 milhões de pessoas por ano - integram ainda a lista da organização.
A lista não configura um ranking das crises mais graves, mas apenas o enumerar das que são consideradas mais devastadoras.
A Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária de emergência que presta assistência médica às populações em risco em 70 países.
Agência LUSA
21 de Dezembro de 2008
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1 comentário:
Blog interessante :)
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